Sobre.

Thiago Gonçalves, poderia ser definido por seus múltiplos interesses e pela dedicação quase obsessiva que projeta a esses interesses, sejam eles artísticos ou de qualquer outra área. O que é contraditório por um lado. Pois, se os interesses são múltiplos, como falar em definição, palavra que sugere unidade? Talvez o que lhe seja definitivo, para ficarmos no mesmo campo léxico, é a naturalidade com que essa multiplicidade se dá. Embora saibamos que as fixações de um artista muitas vezes o façam se debater, na busca do tom correto de uma cor ou no acorde perfeito para uma música, para ficarmos em poucos exemplos, isso não transparece nele. Seus interesses artísticos vêm brotando silenciosamente, cultivados no dia a dia, numa mistura de prazer, dedicação, disciplina e trabalho e, finalmente, emergem como se sempre tivessem sido seus. Como qualquer pessoa e, sobretudo, como artista, Thiago Gonçalves orbita por esses múltiplos interesses, justamente na busca por uma definição de si mesmo, ainda que seja óbvio que essa definição nunca venha a existir. No seu fazer, há a pergunta: quem sou? Quem somos? E quando a resposta chega em um novo trabalho, imediatamente essa novidade já propõe uma nova pergunta - talvez a mesma, repetida -, pois a resposta atual já não serve. Alguém pode dizer que Thiago Gonçalves é um fingidor que finge ser artista, pois é tão somente apaixonado pela arte e por qualquer atividade a que se dedique. Mas me pergunto se não é essa mesma a qualidade dos melhores dentre os artistas. Nenhum artista quer ser artista só por sê-lo ou ter carteirinha de artista. De fato, para ele, a arte é um chamado mais forte do que o próprio nome do ofício. Não é uma escolha, mas uma determinação que está acima dele. Ele poderia ser o que quisesse, mas não poderia sê-lo sem levar essa atividade, qual fosse, ao estado de arte.
Por Alessandro Martins.

Introdução: